BD sobre paineis de ajulejo

Este trabalho encontra-se espalhado por 15 cidades portuguesas, de Olhão a Câmara de Lobos. Desenhos feitos por Penim sobre suporte cerâmico que cobrem normalmente uma parede inteira.



Não são obras de carácter pictórico nem ceramista. Antes assumem-se como elementos de composição do espaço que se articulam com os restantes elementos envolventes, simultaneamente no âmbito da disciplina da arquitetura e da narrativa gráfica.

Fig. 1 - Átrio do Posto da GNR do Cartaxo, parede inteira, 1998
Fig. 2 - Átrio do Posto da GNR de Merceana, revestimento das 4 paredes, 1999

O programa que esteve na origem destes painéis inseriu-se num conjunto de medidas promovidas pelo MAI, de 1998 a 2002, com o fim de melhorar as condições de funcionamento dos Postos da GNR e PSP e conferir-lhes dignidade.
De uma forma simplista, para além dos agentes da GNR ou PSP, o restante público que visita estes painéis tende a ser: ou transgressores ou vítimas de transgressão. O estado de espírito nunca é o perfeito para apreciar o espaço. Sabendo desta premissa todo o esforço narrativo foi no sentido de humanizar o local.

Fig. 3 - Átrio do Posto da PSP de Olhão, painel único, 1998
Fig. 4 - Átrio do Posto da GNR de Nisa, parede inteira, 1998

A ideia de uma ampla parede revestida a azulejo provém da sua própria função: definir o espaço de recepção, de carácter mais público.
Do entendimento dos diferentes átrios de recepção com distintas localizações geográficas, surgiu a concepção dos vários painéis; figurantes, obrigatoriamente activos, cúmplices e interactuantes que ajudam a revelar o significado do espaço construído. Neste contexto os desenhos são um contraponto constante da disciplina da quadrícula do azulejo, onde o uso de cores e texturas tira partido do dinamismo dos súbitos reflexos da superfície cerâmica.

Fig. 5 - Zona das escadas do átrio do Posto da PSP de Câmara de Lobos, Madeira, parede inteira, 1999
Fig. 6 - Zona de atendimento do Posto da GNR de Fornos de Algodres, parede inteira, 1998

Pretende-se que a vivência do espaço da recepção passe também por uma participação entre o utente e tema desenhado no painel. Deste modo o tema não tenta negar as expectativas que os utilizadores possuem para este tipo de intervenção, contudo este é apresentado sempre de uma forma não convencional.

Fig. 7 - Átrio da Esquadra da PSP de Gouveia, parede inteira, 2000
Fig. 8 - Átrio do Posto da GNR de Sangalhos, parede inteira, 2002

Penim Loureiro teve como parceiras as fabricas de azulejos Monsanto e sobretudo Viúva Lamego de qual tirou partido dos azulejos em canto, jogando com os efeitos de zig-zag, visíveis, por exemplo, no painel de Fornos de Algodres (fig. 6). Muitos dos projetos não foram, porém, executados, vítimas das políticas de contenção de despesas das primeiras décadas do séc. XXI.

Onde pode encontrar estes painéis cerâmicos:

Silves, Esquadra da GNR (Brigada Territorial nº3)
Olhão, Esquadra da PSP
Almeirim, Posto da GNR
Cartaxo, Posto da GNR
Ponte de Sôr, Posto da GNR
Arronches, Posto da GNR
Nisa, Posto da GNR
Fornos de Algodres, Posto da GNR
Merceana, Posto da GNR
Vila Cova da Lixa, Posto da GNR
Câmara de Lobos, Posto da PSP
Gouveia, Esquadra da PSP
S. João da Talha, Posto da GNR
Castelo de Paiva, Posto da GNR
Damaia, Esquadra da PSP